quarta-feira, 4 de novembro de 2009

Jornalismo Policial – Interesse Público x Interesse do Público


Na internet, a foto está em alta resolução, no jornal é a manchete do dia, na televisão a matéria foi reprisada até cair a audiência. Um dia atrás era um pedreiro revoltado com a traição da mulher, no outro era um assassino a sangue frio que impressionou moradores de uma pequena cidade do interior. Não é de hoje que a mídia é chamada de quarto poder, aquele que iria fiscalizar, disseminar, impor, manipular e formar opiniões. Crimes são transformados em acontecimentos de destaque, e cada vez mais ganham espaços no noticiário.


A relação imprensa x polícia tem se tornado cada vez mais irrestrita a fim de interesses mútuos. De um lado, a divulgação e promoção do trabalho, do outro, interesse público e do público. Existe uma grande diferença entre o que é de interesse público e o que é de interesse do público. Este último consiste em tudo aquilo que desperta a atenção e supre a curiosidade do espectador, leitor e ouvinte, ou seja, é o que a massa quer saber. A humanização do fato. Já o interesse público são informações relevantes sobre um acontecimento e indispensáveis ao contexto sócio-político-econômico que envolve o espectador, leitor e ouvinte, em outras palavras, é o que eles devem saber. As coberturas jornalísticas têm ganhado fama de sensacionalista quando envolve polícia. Se a polícia não é a protagonista do fato, o que tem sido constante, ela contribui com a construção de um e de mais personagens que envolvem o fato. Na verdade, o interesse do público é o que tem estimulado a indústria jornalística.


Os crimes hediondos são a matéria-prima do jornalismo policial e, atualmente, é o que tem sido manchetes sobre uma sociedade sensacionalista. Entendemos por crimes hediondos aquele tem uma gravidade acentuada, que causam aversão e revolta à coletividade por ofenderem os valores morais legítimos. Mas, se ofende, porque será que continua sendo destaque? Na televisão, assistimos as vítimas ou seus familiares emocionados, uma linguagem descritiva com tom emotivo, as tomadas de câmera aproximativas com elementos que oferecem uma carga dramática ao espectador, que é informado do que e de como ocorreu. No jornal, as palavras são envolventes, as fotos ajudam a construir uma história por trás de detalhes. No rádio, a voz dá vida ao fato, que é contado ao pé do ouvido.


Na reação das pessoas, deixa-se evidente a inconformidade com comportamentos brutais, o que é considerado certo ou errado na sociedade, a solidariedade que devemos ter com as vítimas e a necessidade do público agir por justiça. E é aí que temos os dois lados do jornalismo policial. Com interesses econômicos, a mídia fatura em estimular o sensacionalismo de fatos e crimes bárbaros, pelo aumento da audiência, pela venda de jornais; com interesses sociais, a mídia resgata a imagem de defensora, denunciadora de atrocidades, inconformada com a crueldade, aproximando-se do povo e ratificando seu papel de formar a opinião pública e reforçar valores da sociedade.



Quando uma matéria jornalística foca um personagem, um fato amplo é particularizado, exemplificando os efeitos que uma pessoa teve com o ocorrido. Mas somente a humanização da notícia também não é capaz de abranger a dimensão do contexto no qual o fato está inserido. As estatísticas e a personificação ou outros elementos que exploram a emoção são complementares. As primeiras são necessárias para quantificar a dimensão do fato, num contexto mais amplo. As últimas, por sua vez, podem ser caracterizadas como qualificadoras da notícia. Mas, e a pessoa que virou personagem? Como fica a vida dela? O público de massa consome espetáculo e a mídia aproveita de tal demanda, modificando seu comportamento, alternando dados e detalhes. Imagens marcantes, textos líricos, acréscimo de detalhes, histórias dos envolvidos, entre outras táticas sensacionalistas, levam o telespectador a perceber os sentimentos e as emoções que envolvem as vítimas, colocando-se em seus lugares e dispondo-se a ajudar. Mas o que me deixa curiosa é : como ficam os personagens? Só o fato interessa?


A imprensa recebeu diversas vezes criticas pela abordagem sensacionalista que fez sobre acusados, suspeitos antes mesmo da conclusão do processo jurídico. Mas pouco se falou dos erros cometidos por autoridades. Elas quem contribuem para o jornalismo policial e investigativo. Como citado em um artigo do “Observatório da Imprensa”, a delegada Maria José Figueiredo chamou Alexandre Nardoni, pai da menina Isabella Nardoni, de assassino, no dia seguinte à morte da garota. Outros erros também podem ser destacados no que se refere à divulgação de porcentagens, dadas por autoridades, de quanto o caso estaria resolvido e de informações que passavam à imprensa, enquanto o inquérito estava sob sigilo. Essa relação irrestrita de autoridades com a imprensa não tem o direito de deformar um fato criminoso, prejudicar os suspeitos e agir sem critério na cobertura sensacionalista de crimes.



Há uma linha tênue entre o sensacionalismo e a ética, mas é preciso reforçar a idéia de que não são termos incompatíveis e que podem, assim como devem, ser trabalhados conjuntamente. Os veículos midiáticos são autoridades reconhecidas e legitimadas pela sociedade. A credibilidade do jornalismo, a curiosidade despertada pelo sensacionalismo e o alcance massivo da mídia têm, juntamente, poderes eficazes no estímulo da participação social nas questões políticas e sociais. As mídias tornam-se uma ameaça de denúncia aos criminosos e às autoridades que não cumprem seu papel. Além de constituírem-se em indústria do espetáculo, os meios de comunicação de massa passam a ser um instrumento contra a impunidade. Vale repensarmos então sobre a humanização do fato, ou a história por trás do fato.

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Quatro estações em um só dia: Curitiba


Camiseta de algodão, jeans, tênis confortáveis e uma blusa de frio a tira colo. Requisitos básicos para conhecer a cidade de Curitiba sem passar aperto com o clima. Calor, frio, sol, chuva e vento, tudo isso você vive em um só dia. Não é a toa que os curitibanos vivem repetindo para os turistas: quantas Curitibas cabem numa só Curitiba?
Minha estadia pela cidade foi curta, mas aproveitei para conhecer os principais pontos turísticos da sétima cidade mais populosa do Brasil. Para quem gosta de curtir o inverno, a cidade é ótima pedida. É a capital com a mais baixa temperatura média anual do país, por isso, nada de deixar o agasalho de fora. No primeiro dia de viagem o vôo atrasou cerca de uma hora. Chegamos por volta das 17h. Do aeroporto fomos parar em São José dos Pinhais, cidade mais próxima. Curitiba fica a uns 20 minutos dali. Com a grana curta oferecida pela faculdade, nossa opção era a estadia mais em conta!
Para não perder o dia, fomos ao cinema. O mais interessante era ter entrado na sala do Cinemark com bancos de couro sintético e uma tela gigante, vazia em plena sexta-feira. Sessão para duas pessoas. Tirando o fato de que nossas gargalhadas com o filme deram eco, foi o máximo. Não conseguiria nunca essa façanha aqui em Belo Horizonte. A noite em São José dos Pinhais pode ser comparada a um filme de faroeste. Nada além da fome e a saudade do meu namorado que deixei em BH me atingia. Para os solteiros, façam-me um favor, não vão para Curitiba, a cidade é totalmente anti-solteiros. Romântica por si só.
Conhecer Curitiba em um só dia e ainda apresentar minha pesquisa para o XXII Congresso de Ciências da Comunicação na Universidade Positivo foi quase que uma missão impossível. Mas no final deu tudo certo. Levantamos às 5h30 da madruga. A neblina era linda de se ver. Na verdade não se via nada além dela, que permaneceu até umas 8h da manhã. Tomamos um café reforçado e fomos para o famoso ponto de ônibus em forma de tubo. Neles passam os Ligeirinhos. Você paga R$ 2,30 e troca de ônibus quantas vezes quiser. Foi aí que me perguntei: porque não implantam um sistema desses aqui em BH?
Enfim, tirando o fato de que ficariam pixados em menos de um dia, não seria a civilização de Curitiba. Ao chegarmos na Positivo, deparamos com o imenso teatro da universidade. Ele foi construído no ano passado, e tem a capacidade para 2,4 mil pessoas. Após a apresentação da pesquisa, fomos ao Centro da cidade para pegarmos a Linha Turismo. São ônibus Double-beckers (como os famosos ônibus londrinos) que passam por 25 pontos turísticos. É um city tour completo, com duas horas e meia de duração e sistema de som trilíngue que dá informações sobre os locais. O tíquete de R$ 20 dá direito a quatro paradas por dia. Mas você também tem a opção de comprar paradas avulsas. A Linha costuma passar de 20 em 20 minutos. Nessa hora ficamos um pouco perdidos, não sabíamos onde ir. Quatro lugares apenas entre as 25 opções. Como todo bom mineiro, curiosa por si só, perguntei a vários moradores os lugares mais bacanas. E seguimos nosso roteiro boca-a-boca. Primeiro fomos ao Jardim Botânico, que tem na entrada um jardim geométrico habitado por quero-queros. Aliás, você vê desses pássaros por todos os parques da cidade. Eles se multiplicam até em meio às ruas. Um deles quase foi atropelado pelo táxi na neblina. No Jardim Botânico tem uma estufa de vidro e ferro, inspirada no Palácio de Cristal de Londres. Dentro dela tem cerca de 50 espécies de plantas da mata atlântica. Muito linda a vista de cima da estufa. Nos jardins tem uma cascata d'água com a escultura de uma mulher muito bonita segurando o filho.
Em seguida, fomos para a Universidade Livre do Meio Ambiente. Quem tem medo de altura não é muito aconselhável. Na entrada, a impressão que se tem é a de estar andando no meio de uma imensa mata. A surpresa é que, quando menos se espera, a estrada de madeira acaba, e você depara com um extenso lago repleto de gansos, patos e cisnes. A vista de cima da Universidade é maravilhosa. A Ópera de Arame também vale a pena incluir no passeio. Ela possui uma impressionante construção metálica e transparente em cima de um lago. O teatro no interior dela é maravilhoso. Mas, quem faz a festa mesmo, é um restaurante que fica de frente. Nele, você pode alugar roupas típicas da região e fotografar. Além de provar de um delicioso vinho. Nossa última decida foi o parque Tanguá, que tem uma bela queda-dágua. Em Curitiba, não se anda muito tempo sem deparar com um parque. São 30 deles, uma média de 52 metros quadrados de área verde por habitante. No dia, tinha uma noiva fotografando no parque. Muitos turistas enfeitaram a paisagem das fotos ao fundo.
O museu Oscar Niemeyer chama a atenção de longe. Nele tem exposições, acervos com nomes como Di Cavalcanti, Portinari e Iberê Camargo. No fim da tarde, iluminado é mais bonito ainda. Você fica encantando com a construção do museu.
E para finalizar o passeio, se você é um daqueles que curte uma boa culinária, o bairro Santa Felicidade é uma atração à parte da cidade. Imigrantes italianos, ucranianos e alemães trouxeram para a cidade, a partir do século 19, muitas de suas especialidades culinárias. A comida italiana é a melhor pedida. Uma dica para quem quer economizar é deixar de lado o táxi e utilizar o ligeirinho. O coletivo é bem organizado e comfortável. E as distâncias entre um lugar e outro são bem grandes, por isso, táxi deixa o orçamento bem apertado. O passeio de trem pela cidade tem um site onde podem ser consultados os horários e preços: http://www.serraverdeexpress.com.br/.
E a última dica é para as mulheres: não vão de salto. É extremamente desaconselhável. Tirem o All Star do guarda-roupa e divirtam-se.

domingo, 23 de agosto de 2009

GOSTO SE DISCUTE

Quando você estiver sem assunto em uma roda de amigos, comece a discutir gosto. Pronto, você terá com certeza assunto para as próximas 24 horas. Mas não seja radical, isso incomoda qualquer um. Tenha limites em seu pensamentos e principalmente em seu dizeres. Tudo que é feito em excesso é ridicularizado depois. Você acaba sendo rotulado. Aquele fulano de tal não gosta de rock, aquele beltrano é preconceituoso.
Um dos mitos mais recorrentes é que "questões de gosto não se discutem", ou numa visão mais ampliada, "gostos, amores e desejos não se discutem". Em primeiro lugar, considerar o gosto como questionamento contradiz um outro tipo de prática cotidiana: a de diagnosticar o que é de bom ou mau gosto. Quando nos deparamos com alguém excessivamente espalhafatoso, vestindo algo exagerado para a ocasião ou fazendo piadinhas inadequadas, imediatamente reagimos comentando ou pensando que se trata de alguém de mau gosto.
Isso não é algo comum da mulher, pelo contrário, homens costumam ser bem mais observadores do que as mulheres, que se apegam aos detalhes. Por outro lado, costumamos identificar como de bom gosto as atitudes equilibradas, discretas e refinadas. Nos sentimos mais atraídos por aqueles que mantém o mistério no ar. Ora, se podemos propor esse tipo de hierarquia, é porque intuímos que há no gosto algo de objetivo. Não faria sentido pensar em bom ou mau gosto se não existisse um critério de distinção.
Outro caso que torna frágil o suposto caráter inquestionável do gosto é o caso, por exemplo, das músicas de sucesso. Todas elas obedecem, mais ou menos, a um padrão já consolidado e bem conhecido da própria história da pessoa. Gostar de uma música tem a ver mais com o reconhecimento familiar do que propriamente com alguma qualidade objetiva da música. Nasci no final da década de 80, e gosto de Madonna, The Camberries, Roxette, The Corrs e Legião Urbana. Meus irmãos foram a principal influência e referência. Isso significa que podemos alterar o gosto na medida em que nos habituamos com padrões diferentes. Como na adolescência já chegamos a gostar de uma música que hoje é difícil de entender porque gostamos algum dia. E tem ainda pessoas que amam ouvir música internacional, e não sabem nadinha do que significa a tradução delas.
O que é preciso esclarecer é o que gosto é discutível e modificável e que, de fato, pertence ao terreno privado do outro. Obviamente jamais conseguiremos convencer do contrário alguém que detesta, por exemplo, sorvete de passas ao rum, ainda que apelemos para as suas qualidades nutricionais e argumentemos sobre as maravilhas do seu sabor. Nesse território, a pessoa reage a elementos que nem ela própria tem controle. As vezes ela nem sequer experimentou. Ao detestar ela está sendo apenas honesta consigo mesma. Por outro lado, é bem razoável admitirmos uma “raiz comum” entre o gostar e o conhecer. Quanto a isso exemplos não faltam.
O gosto é, acima de tudo, uma capacidade de julgar: quanto mais aprimoramos o conhecimento sobre um determinado assunto mais nosso julgamento se torna criterioso e fundamentado. Como cinema, por exemplo. Tem filmes que somente os entendedores do assunto vão curtir e enxergar elementos de fotografia, corte, cena.
Ampliar o conhecimento enriquece a capacidade de reconhecer padrões e, por decorrência, de experimentar novos “gostos”. Se isso é verdade, o gosto não é algo sobre o qual não se deve discutir ou algo sobre o qual discutir não leva a nada. É, sim, algo que pode ser educado e transformado. Por isso, quando discutir sobre qualquer assunto relacionado a gosto, apenas respeite os limites do terreno privado de cada um. Pequenos insights podem surgir nessas discussões.

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

FAROESTE CABOCLO NOS CINEMAS!!!


Você já se pegou ouvindo e repetindo uma música diversas vezes até conseguir decorar a letra? E depois ainda juntou com um amigo e cantaram juntos na maior empolgação?

Renato Russo foi o cara que conseguiu fazer com que toda a geração Coca-Cola cantasse na ponta da língua uma música de nove minutos! Faroeste Caboclo, um dos maiores clássicos do rock nacional, foi o hit do rock nos anos 80 que agitou os padrões de música daquela época. E agora as telinhas do cinema se preparam para receber os refrões de Legião Urbana em filme!

A verba já foi liberada para a produção e a novidade é que os personagens, criados por Renato Russo em 1979, começam a ganhar “forma”, com o início da escolha do elenco.“Faroeste Caboclo” é uma co-produção Gávea Filmes, Europa Filmes, República Pureza Filmes e Globo Filmes, com orçamento de R$ 6 milhões. O filme será ambientado no final dos anos 70, época em que Renato Russo escreveu a canção, e o roteiro vai ser fiel aos 159 versos da letra.O filme tem roteiro de Paulo Lins (o mesmo de “Cidade de Deus”) e direção do brasiliense René Sampaio (“Sinistro”) e a previsão de lançamento é só para outubro de 2010.

Uma curiosidade sobre a música é que quando Renato Russo a escreveu, teve de brigar com a gravadora para rodá-la no disco "Que País é Este?", de 1987. A gravadora achava absurdo o tamanho da letra que para os padrões das rádios comerciais deveria ser de quatro minutos no máximo. E o sucesso irremediável invadiu mesmo assim as rádios, que passavam os nove minutos na íntegra! Muitos radialistas agradecem Renato pelo fato de poderem ir ao banheiro e fazer um lanchinho depois com a música rodando na caixa!
A bilheteria dos cinemas devem repetir o mesmo sucesso! Vamos aguardar!

sexta-feira, 14 de agosto de 2009

BRIGA DE GIGANTES - GLOBO X RECORD

O assunto da semana não poderia ser outro, senão a batalha sem fim entre a Globo e Record. As motivações partiram de acusações de formação de quadrilha e lavagem de dinheiro contra Edir Macedo - dono da Record - e mais nove integrantes da Igreja Universal do Reino de Deus (IURD) que deram início ao embate. Na última terça-feira (11), a "Folha de S.Paulo" mostrou a denúncia contra o bispo. No mesmo dia, o "Jornal Nacional", da TV Globo, veiculou uma matéria de onze minutos em que apresenta o caso, as movimentações financeiras suspeitas e o esquema de lavagem de dinheiro.Onze minutos em televisão é muito tempo!
Para não ficar atrás, em resposta à Globo, a Record saiu na defesa da Universal e contestou as acusações durante o Jornal da Record desta quarta-feira (12). O clima da disputa esquentou mais ainda, quando a emissora exibiu ainda na quinta uma reportagem de mais de dois minutos sobre sua luta contra o que considerou ser "monopólio de informação". O mais engraçado disso tudo foi ver uma turma de 36 estudantes de jornalismo pararem a aula, para assistirem essa briga em um estúdio da faculdade. Mas também, como comunicadores, convenhamos, não poderíamos perder essa guerra!
Uma coisa é fato, se a briga é pela audiência, estamos falando de duas grandes redes de comunicação! Essa disputa com toda certeza deve ir parar na justiça! Mas, as emissoras se esqueceram de um detalhe importantíssimo, que está além de seus interesses pessoais: o público. Elas estão usando indevidamente o espaço público para resolverem assuntos particulares. E tudo isso está se transformando em mais uma novela. E o conteúdo de informação que realmente interessa a quem as assiste? Enfim, no final das contas, de todo o circo montado, quem sai perdendo são os telespectadores.

sexta-feira, 7 de agosto de 2009

HOJE COMEÇA A MOSTRA FILME EM MINAS NA CAPITAL

Fim de semana com direito a muita pipoca com refrigerante e bate-papo no Cine Humberto Mauro, do Palácio das Artes, que recebe, de hoje a domingo, a Mostra Filme em Minas - Lançamentos. Serão exibidos trabalhos realizados com recursos do terceiro edital do Filme em Minas - Programa de Estímulo ao Audiovisual.
A programação começa às 19h30, com os documentários "Até que Chegue o Fresco do Dia", de Simone Cortezão, e "O Nome É a Última Coisa que Escolhe", de André Hallak. A segunda sessão ocorre às 21h, com exibição dos curtas "Homem Provisório", de Gibi Cardoso, e "Andrômeda - A Menina que Fumava Sabão", de Carlosmagno Rodrigues. Ao todo são quatro documentários, quatro curta-metragens e um longa distribuídos na programação de hoje e de sábado.
No domingo, o destaque são os selecionados na categoria formato livre, projetos que têm relação com o audiovisual e estão em outros suportes, ou que desenvolvam pesquisa em termos de experimentação e linguagem. Para a apresentação desses trabalhos experimentais, haverá um bate-papo com os respectivos realizadores. Vale muito a pena ir! A entrada é gratuita e os
ingressos podem ser retirados na bilheteria 30 minutos antes da sessão. A programação completa pode ser encontrada no www.cultura.mg.gov.br.

quinta-feira, 6 de agosto de 2009

SESSÃO DA TARDE DE LUTO




Quem já passou as tardes sem nada para fazer e pegou o controle remoto da televisão para ver aquele filminho da Sessão da Tarde, com toda certeza já assistiu Curtindo a vida adoidado. O famoso filme com Ferris Bueller e suas artimanhas para matar a aula do colégio e passar o dia com a namorada, o melhor amigo e uma Ferrari.
E para poder realizar seu desejo ele precisava escapar do diretor do colégio e de sua própria irmã, que era uma verdadeira missão. E quem dirigiu este campeão soberano da Sessão da Tarde, que marcou a adolescência de uma geração toda, John Hughes, morreu nesta quinta-feira, depois de ter sofrido um ataque do coração. Com apenas 59 anos, Hughes foi o responsável também pelo roteiro do queridíssimo Esqueceram de Mim. Seu maior volume de projetos no cinema dizia respeito mesmo aos roteiros. Assinou scripts de filmes recentes como Encontro do Amor, 101 Dálmatas e todas as sequências do cão Beethoven.

quarta-feira, 29 de julho de 2009

EXPERIÊNCIA NÃO É O QUE ACONTECE COM UM HOMEM...É O QUE UM HOMEM FAZ COM O QUE LHE ACONTECE.


O crachá e os cartões foram devolvidos. Mas de lá levei toda lembrança de momentos que foram cruciais em minha vida. Não deixaria de ter vivido cada um deles, mesmo naqueles em que apenas assisti, inerte, sem ação. Você ser levado para um hospital é uma coisa, ser a pessoa que vai te receber é outra. São visões diferentes. São experiências intransponíveis. Ouvi relatos inesquecíveis, situações que exigem reflexões. Mas uma se destacou, esta sim, me mostrou o que realmente é determinação. Que para se ter não é preciso coragem, é vontade. Desejo de todo coração. Marcelo me surpreendeu. Era seu aniversário, o pessoal da fisioterapia enfeitou a sala com balões, tinha bolo de chocolate. E ele não chegava, voltei para minha sala. Tinha que terminar de redigir uma matéria para o jornal, o dead line era às 15h. O tempo era curto. O telefone tocou e era ele que tinha chegado. Peguei o gravador, a câmera, meu bloquinho de papel e caneta. E fui escrever sobre uma das histórias de vida mais linda que ouvi até hoje. Marcelo nasceu com paralisia cerebral, os médicos já haviam se desenganado sobre sua recuperação. Apenas piscava os olhos, sem nenhum movimento de outras partes do corpo. Mas ele tinha uma mulher guerreira ao seu lado, sua mãe. E ela o levou para o hospital, insistiu. Encontrou uma médica recém-formada que estava com todo pique da profissão de início. E juntas conseguiram que Marcelo movimentasse o corpo. A escola exigiu então que ele andasse, caso contrário não poderia estudar mais. E ele andou, aprendeu com colchões amarrados nas pernas para dar sustentação no corpo. E em cada superação na infância e adolescência, filho e mãe formaram uma dupla de super-heróis, para vencerem cada obstáculo. Depois sua mãe adoeceu, teve câncer, e quem ficou do seu lado, o tempo todo, levando-a para exames, foi seu companheirinho. Com a perda das cordas vocais, ela ganhou um tradutor, que entende cada gesto seu. E juntos venceram mais uma luta. Naquele hospital eu aprendi muito. Dizem que quem trabalha em um tem uma missão de vida, ou para acrescentar ou para modificar. Não sei ainda qual foi a minha, mas sei que o tempo em que permaneci lá, me engrandeceu muito. Valeu a pena.

domingo, 21 de junho de 2009

DESABAFO DE UMA JORNALISTA

O saudoso Alberto Dines iniciou sua crônica para o Observatório da Imprensa no último dia 19 com o seguinte trecho:

Convém prestar a atenção a estas frases, escritas em bom português há 200 anos. “O indivíduo que abrange o bem geral de uma sociedade vem a ser o membro mais distinto dela. As luzes que espalha tiram das trevas ou da ilusão aqueles que a ignorância precipitou no labirinto da apatia, da inépcia e do engano. Ninguém mais útil do que aquele que se destina a mostrar com evidência os acontecimentos do presente e desenvolver as sombras do futuro. Tal tem sido o trabalho dos redatores das folhas públicas”.

Meu desabafo não poderia começar melhor senão com este pequeno trecho do patrono do jornalismo brasileiro, Hipólito da Costa, do qual Dines relembrou tão bem. Os redatores das folhas públicas citadas acima são os jornalistas, eis que sou uma deles. Agora, indignada, porém, com mais vontade do que nunca de firmar nossa importância.
Demorei em escrever sobre minha contestação, ainda não tinha digerido bem toda história. Nestes quase três anos de academia aprendi muito, sou uma pessoa melhor do que quando entrei. Todas as teorias e práticas foram aproveitadas ao máximo, dei a elas o melhor de mim. E me superei em muitas.
Não deixaria nunca de passar pela academia, nem mesmo se esta decisão do STF tivesse sido em 2006. Entrei com a idéia de um jornalismo romântico, hoje ele se envaideceu.
Completando a frase de Dines sobre os oito ministros do STF que na quarta-feira declararam extinta a obrigatoriedade do diploma para o exercício do jornalismo, é que eles não o reconhecem como profissão específica porque desconhecem este trecho de Hipólito e também sobre o que é ser jornalista.

Para ser jornalista é preciso ter mais que dom, mais do que a intimidade com as palavras, mais até do que a arte de cortar palavras como dizia Drummond. Ser jornalista é saber socializar debates, é ter uma formação humanística associada a técnicas de produção de informação. Ambas entrelaçadas com a ética, que quando não caminham juntas se resultam na sua deslegitimação, em supostos dossiês pagos pelas hierarquias, em um campo de visibilidade e disputa no qual quem sai prejudicada é a sociedade. Porque o jornalismo diz muito de um povo, ele trata de assuntos de interesse de um povo. E por isso ele acaba influindo no sentido da história, ele ajuda a construir e ou destruir a história.
As pessoas depositam no jornalista a confiança de que ele irá repassar a informação correta da melhor forma possível sobre um fato do qual não presenciaram ou não souberam interpretar. Eis que está no exercício de sua profissão uma grande responsabilidade que não pode ser exercida por qualquer pessoa: a produção do conhecimento. Por isso acredito que seu exercício deve ser legitimado, porque fazendo uma analogia sobre a infeliz comparação do ministro Gilmar Mendes sobre jornalistas com o cozinheiro, é que matamos a fome também, só que com informação. E para que ela seja bem passada mesmo que crua, é preciso mais do que técnica e feeling. Na cozinha ou na redação o importante é pensar em quem irá degustar seu trabalho e as conseqüências que ele irá acarretar. Há que ter o cuidado de se abeberar nas fontes mais frescas, estudar, investigar e acrescentar algo novo. E todo conhecimento cultural é temperado pela academia, que dá umas pitadas de bibliografias e atividades que dificilmente poderiam ser extraídas sem passar por ela.

Enfim, deixo aqui minha indignação. Mas agradeço aos meus colegas de faculdade e professores por continuarem contribuindo para que eu seja uma jornalista melhor, melhor do que muitos que não irão passar por eles! Tenho a certeza de que vamos mostrar nosso diferencial!

domingo, 7 de junho de 2009

TRAVESSURAS DA INFÂNCIA - PORQUE OS ADULTOS AS ESQUECEM


Domingo com tempo nublado e frio. Alguns filmes para assistir, torta de frango com Coca-Cola e um edredom para aquecer. Tudo estava perfeito, até as primeiras areias acertadas na janela. Já imaginava quem eram antes de ir conferir, mas eles é que não imaginavam o desfecho dessa história! Nem eu, no final das contas!
Encheram as mãos de areia da reforma do prédio e jogaram, como quem joga arroz na noiva para dar sorte no casamento. Quando cheguei no quarto, a travessura já havia sido feita. Tinha areia para todo lado. Devem ter enchido aquelas mãozinhas com toda vontade e, correram depois, claro, quem não correria?
Os dois formam uma dupla de primos sapecas o bastante para umas vinte crianças juntas, sem exagero. No primeiro momento eu dei umas boas risadas, o que iria fazer naquela situação? Rir foi o que fiz. Mas precisava exercer meu papel de adulta neste momento, caso contrário, iriam continuar transformando minha casa numa extensão da praia!
Toquei a campainha da casa deles, ninguém atendia. No fundo dava para ouvir a televisão e risadinhas por trás da porta. Comecei a bater forte, e mais um prazo curto de tempo, um deles abriu. Aquele rostinho de coroinha de igreja não me comoveu, chamei sua mãe. Ela veio como quem não sabia de nada, talvez pela vergonha.
- Oi tudo bem? A senhora pode me acompanhar até a minha casa?
- Sim, o que aconteceu?
- Vou te mostrar.
No caminho não a disse nada, ele veio atrás, sem o primo, com medo do que eu ia falar.
Sua sorte foi que me lembrei nessa hora, como pequenos flashes backs, das minhas levadices de criança. Já cheguei a cortar uma franja de uma vizinha, como quem cortava o cabelo de suas Barbies. Minha mãe só descobriu, porque tinha cabelos loiros debaixo da janela do meu quarto. Joguei tudo pelo basculante. Minhas Barbies sempre tinham cabelos vermelhos, rosas, verdes. Mas tive de ir confessar para a mãe da vizinha que a cabeleireira era eu. Depois dessa me contentei com as bonecas.
Voltando para o hoje, a mãe então viu o feito. Envergonhada me pediu para limpar. Dei a ela a vassoura e a pá. Foi uma cena dessas comédias americanas. Segurei para não rir e, ao mesmo tempo, fiquei pensando na surra que ele poderia levar. Aí disse que isso era coisa de criança e blá blá blá. Ele quem limpou, o primo e a mãe ficaram assistindo. Tudo muito engraçado. Ela foi embora com os dois atrás cabisbaixos. Neste momento entrei para a história da infância deles: a menina que os dedurou. Pena que nem sempre, quando adultos, nos lembramos que um dia já fomos crianças. Que já aprontamos muito, levamos broncas, castigos. Ninguém deveria esquecer a criança dentro de si. Ela está ali, bem escondidinha, e surge em meio a essas boas risadas que dei hoje! Posso afirmar que as melhores pessoas que conheço são crianças bem crescidas.




"Lutei para escapar da infância o mais cedo possível.E assim que consegui, voltei correndo pra ela." Oscar Welles

domingo, 24 de maio de 2009

O QUE TEM EMBRIAGADO OS ROMANTICOS


A literatura de Stephenie Meyer embriaga os românticos. Até mesmo os leitores mais durões, que ficam fascinados pelos próximos capítulos. Escrever sobre um amor perfeito e abandonar o tradicional cheio de falhas parecem ser a fórmula ideal para conquistar todas as idades. Adolescentes, jovens e adultos embarcam na suas histórias que refletem na maior vendagem de livros da atualidade e em uma das grandes bilheterias do cinema.
Na realidade, não existem romances perfeitos. Para permanecerem em meio às decepções ou frustrações que surgem no decorrer do tempo, precisam sair um pouco do que é verdadeiro e entrar numa profunda fantasia. Meyer conseguiu descrever bem essa fantasia.
Contou com elementos irresistíveis, que misturam o perigo sobrenatural e o suspense, o amor puro e as incertezas da juventude – quem nunca as teve – a atração e a ansiedade, tudo isso em meio a cada capítulo.
Crepúsculo, o primeiro livro da quadrilogia de Meyer, até o momento, porque ainda não sabemos onde vai chegar, nasceu dos sonhos da escritora. Lembra um pouco Romeu e Julieta, mas não chega nem perto quando se trata de um imortal (vampiro) e uma adolescente de 17 anos. O livro é narrado na primeira pessoa pela personagem Isabella Swan, Bella, como prefere ser chamada, que guia seus leitores para dentro dos seus pensamentos, mostrando-se ser bem madura para sua idade e com uma visão bastante crítica e perceptiva de tudo e todos que a cercam. Mas esse seu lado crítico é bem equilibrado, o que deixa todos os românticos bem seduzidos pelas suas palavras.
O que podemos destacar ser a causa de todo o frisson de Crepúsculo é o foco do amor (e da vida) de Bella: Edward Cullen. Um vampiro, que com toda certeza é a idealização de um homem perfeito - tirando sua imortalidade - certinho, inteligente, cavalheiro e por aí vão todos os suspiros possíveis. O livro é apaixonante sim, deixa de explorar alguns fatos, mas é uma leitura extremamente excepcional! Toda cabeceira de cama deveria ter um! E no mais, não tem idade definida para ler! Basta ter um pouco do romantismo!!!
O filme, baseado no livro, é um dos líderes de indicações no MTV Movie Awards 2009, e vai disputar com o ganhador do Oscar “Quem quer ser um milionário?”.
As principais premiações do evento, incluindo a de melhor filme – cada um dos longas tem 6 indicações cada. A concorrência é boa, mas o queridinho do momento é o nosso vampiro e a mocinha! Toda as apostas vão... Deixa o suspense!

quarta-feira, 20 de maio de 2009

INTERCOM SUDESTE 2009


Nos dias 07 a 09 de maio, na cidade do Rio de Janeiro, participamos da Jornada de Iniciação Científica em Comunicação, que faz parte dos congressos regionais da Intercom (Sociedade Brasileira de Estudos Interdisciplinares da Comunicação). Pesquisadores, educadores e empreendedores de cada região, no nosso caso, sudeste, são convidados a refletir sobre o tema central escolhido para o Congresso Nacional da Intercom, ajudando a promover o debate de questões de ponta no cenário da comunicação. E foi com imenso prazer que apresentamos nossa pesquisa sobre a "Construção da identidade virtual em sites de relacionamentos" e "A apropriação da linguagem publicitária na construção dos perfis dos usuários dos sites de relacionamento na internet ". O resultado foi muito bacana, e ela está apenas no início. Nossa próxima meta é o Congresso Nacional em Curitiba!



Para quem tiver interesse no assunto, segue abaixo os links para conferir!




sexta-feira, 10 de abril de 2009

UMA REFLEXÃO PARA O TEMPO


Confesso ter ficado em dívida por muito tempo com a minha grande paixão: cinema.
No período em que estive ausente mergulhada em livros para a iniciação científica apenas lia e ouvia pequenos relatos dos filmes que estavam sendo lançados.
Para recuperar algumas perdas o feriado tem sido uma longa sessão: Austrália, A troca, Operação Valquíria, a comédia Quase irmãos, o brasileiro Era uma vez, e outros que ainda estão na fila para serem vistos.
É uma terapia! Muitas pessoas ficam incomodadas de passar por mais de duas horas dedicadas a umas cenas. Mas quem gosta sempre tira algumas conclusões, críticas, aprendizados e histórias. Umas impossíveis de serem apenas ditas, dignas de serem vistas.
A história de um relojoeiro do século 20 que era cego e contratado para construir o grande relógio da estação de trem. Perde seu único filho na 1ª Guerra Mundial e entra numa profunda tristeza. No dia da inauguração, todos percebem que o relógio contava de trás para frente. E ele explica que fez isso de propósito e não por engano. O relógio era sua esperança assim como a de outros pais que haviam perdido seus filhos na guerra de voltar no tempo junto com os ponteiros e traze-los de volta a vida. Esta história faz parte de um pequeno trecho de “O curioso caso de Benjamin Button”, filme que merece inúmeros aplausos.
Quem é que nunca teve vontade de voltar no tempo pelo menos uma vez e reviver um momento especial, uma pessoa querida que já não está mais presente ou sentir novamente aquele abraço que é único e inesquecível. Evitar alguns acontecimentos ou presenciar novamente um deles? Se um dia todos tivéssemos essa chance, a vida seria diferente para muitos.
Mas o tempo só volta na lembrança, por isso as pessoas escrevem diários, livros e agora blogs. Para que os momentos não se percam somente nas lembranças, que possam ser divididos com os outros. Para que não se acabem em nós.
Os filmes também costumam nos trazer lembranças. Benjamin Button é uma fábula do nosso tempo, mas que nunca irá se perder. É uma história de amor, não só entre duas pessoas, mas de amor à vida livre de preconceitos. Como Button mesmo diz, em um momento de felicidade plena: “eu estava pensando, como na vida, nada dura, e que pena que é assim”. A vida é feita de oportunidades. Guimarães dizia: felicidade se encontra em horinhas de descuido. Não perca essas oportunidades que a vida oferece. E quando puder, dedique algumas horas a um longa capaz de enaltecer cada momento existente nela.
Enquanto isso, o Button ainda nos traz umas frases para refletirmos... e continuo com a minha sessão de feriado. Espero que aproveitem o tanto quanto eu.

"Somos predestinados a perder as pessoas que amamos".


"Nunca se sabe o que nos espera".


"Nossas vidas são definidas pelas oportunidades, mesmo aquelas que perdemos".


"Espero que você leve uma vida da qual se orgulhe. Ou que tenha força para começar tudo de novo".


"Tudo é passageiro e do fim não se escapa".


"Quem não pensa mais no futuro perde a noção do presente."

domingo, 22 de março de 2009

VOCÊ NÃO É CAPAZ DE VIVER SEM ELA, PORÉM ELA NÃO É UM DIREITO SEU.




Fórum de Istambul: a água ainda não foi reconhecida como um direito humano.


O Fórum Mundial da Água (FMA) terminou hoje em Istambul. Organizado pelo Conselho Mundial de Água (CMA), reuniu aproximadamente 25 mil participantes –líderes políticos, especialistas, ONGs – para discutirem sobre o essencial para vivermos: a água. Assuntos relacionados como secas, reciclagem das águas residuais, distribuição e gestão, levantaram polêmicas, dentre elas, o fato de o fórum ter sido organizado por uma instituição privada. O que mais vale destacar mesmo é que países como Brasil, Estados Unidos, Egito e Turquia, não reconheceram o acesso à água como um direito humano básico. Uma mudança na declaração ministerial declarou a água como “necessidade básica humana” e não como um “direito”. Essa mudança de dizeres implica nos trâmites legais e políticos.
A importância de um fórum que tome decisões certas com relação à água é tamanha quando destacamos que a falta de acesso à água potável e a um saneamento adequado causa, em todo o mundo, 1,6 milhões de mortes por ano. São 250 milhões de pessoas em 26 países do mundo afetadas pela escassez da água de acordo com dados da ONU. A estimativa é a de que em 30 anos, o número de pessoas será de três bilhões em 52 países.
Um dos grandes desafios do século XXI é levar este recurso ao maior número de torneiras, sobretudo, assegurar a paz através da sua distribuição equilibrada e eqüitativa.
Na China, mais de 80 milhões de pessoas andam um pouco mais de um quilômetro e meio por dia para conseguir água. E esse problema se repete em várias nações. Onze países da África e nove do Oriente Médio já não têm água. A água é um direito intrínseco à sobrevivência da humanidade, sem ela não é possível haver vida. Não é dramatização de cinema, muito menos previsão de gurus, que estão sendo colocados os dados fornecidos pela ONU ou pelos relatórios do Banco Mundial. É uma realidade que devemos encarar com mais seriedade, e cobrar dos nossos governantes uma postura mais firme e séria. Nenhum país é totalmente dono da própria água, por isso podemos correr riscos como guerras em busca dos recursos hídricos de cada um.

sexta-feira, 30 de janeiro de 2009

AYAAN HIRSI ALI - SINÔNIMO DE DETERMINAÇÃO E CORAGEM


Infiel, este é o nome da autobiografia de uma mulher que promove admiração nas pessoas que almejam um pouco de determinação. A infidelidade não entra no sentido de traição entre marido e mulher, e sim, a descrença por uma religião – Islã - que dilacerou seu corpo, sua vida e família. Ayaan sofreu a circuncisão aos cinco anos, e ainda assistiu a da irmã mais nova Haweya, que confessa ter sido um dos seus maiores traumas.
Passou dias com as pernas amarradas para a cicatrização e segurando a urina, pois a ardência provocada pela ferida era intensa e agonizante. Com os olhos vendados, levou uma surra até desmaiar de um professor na tentativa de obrigá-la a decorar os versos do Corão. O resultado foi um traumatismo craniano, descoberto após o tio tocar sua cabeça e sentir um galo do tamanho de um tomate. Ajudou os refugiados da guerra civil, e se sentiu pequena entre eles, quando percebeu que enquanto mulheres tinham piolhos escorrendo pelo pescoço, um bebê desnutrido marcado para morrer, em sua bolsa havia creme dental, sabonete e toalha limpa.
Uma leitura surpreendente. É impressionante quando começamos a ler e não conseguimos mais parar. Ayaan foi obrigada a se casar com um homem que não conhecia, e aos 21 anos fugiu para a Holanda deixando para trás sua história e família. Presenciou sua irmã enlouquecer até decidir envia-la de volta para a Somália. Ela faleceu após ter tido uma hemorragia provocada por um aborto dominada pela insanidade, e Ayaan não pode nem assistir o enterro da irmã que era seu exemplo de coragem. Na Holanda, conseguiu se eleger deputada do Parlamento e foi ameaçada de morte por fanáticos da religião.
Com uma história de vida dessas a pergunta que surge é: porque não fazem um filme? Fizeram, mas o diretor do curta Submissão - parte 1, Theo van Gogh, foi assassinado pelo fundamentalista islâmico Mohammed Bouyeri. Depois de vários tiros descarregados por uma pistola, teve a cabeça degolada e uma faca encravada na barriga com uma carta endereçada a Ayaan com a mensagem: “A próxima será você”. Uma cena de terror, que Ayaan descreveu entre outras como a do 11 de setembro.
Em 2008, Ayaan recebeu o prêmio Simone de Beauvoir 2008, e está no ranking das 100 pessoas mais influentes da revista Time, de 2005. Atualmente, ela trabalha como Cientista Político e dá palestras em diversos lugares, dentre eles o Brasil. Superação, determinação, inteligência e coragem são palavras que descrevem a vida desta mulher. Em uma entrevista para a revista Veja, o jornalista fez a seguinte pergunta para ela: Se você um dia se encontrasse com Deus, o que gostaria de ouvir dele?
Ela respondeu: Você é verdadeira.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

JANE AUSTEN PARA O CORAÇÃO


Jane Austen entendia mais do que qualquer filósofo os segredos do coração. Para aqueles que curtem um bom romance do qual se podem tirar lições, leiam os romances de Jane. Mas, quem é essa Jane Austen? Muito pouco se sabe sobre ela. Em sua biografia pode-se destacar que morreu virgem. Poderíamos acrescentar ainda que morou com a família até ao fim. Que publicou os seus romances anonimamente, porque não era de bom tom uma mulher se entregar aos prazeres da literatura. E que suas obras, apesar de sucesso moderado, têm conhecido nos últimos anos um sucesso estrondoso e as mais díspares interpretações políticas, literárias, filosóficas, até econômicas. Muitos de seus livros foram adaptados para filmes - mais de vinte - que os seus livros --apenas seis-- suscitaram nos últimos tempos. O último "Amor e Inocência" foi inspirado no livro homônimo (Becoming Jane) de John Spence, um incansável investigador da vida da família Austen. Mas não é uma cinebiografia nos moldes mais tradicionais. Tanto livro quanto filme trabalham em cima de uma recopilação de cartas e testamentos da escritora, uma especulação em torno da sua eloqüente vida , cuja existência está impressa em seus livros, com o roteiro de Kevin Hood. A juventude de Jane Austen é retratada pela atriz Anne Hathaway (O Diabo Veste Prada), que melhorou seu sotaque e aprendeu a tocar piano para o papel. O roteiro faz paralelos com as obras da escritora, demonstrando aonde teria ido buscar inspiração, em particular para "Orgulho e Preconceito".

Jane Austen mal sabia que, depois da morte, em 1817, o mundo acabaria por descobri-la e, sem maldade, usá-la e abusá-la tão completamente. Adoro. Considero Jane Austen uma das maiores escritoras de sempre. Tenho em especial e por preferência aqui destacada "Orgulho e Preconceito". Muitos conhecem a história: Elizabeth, filha dos Bennet, classe média com riqueza nos negócios, conhece Darcy, aristocrata pedante. Ela não gosta da soberba dele. Ele começa por desprezar a condição dela -- social, física-- no primeiro baile onde se encontram. Com o tempo, tudo se altera. Darcy apaixona-se por Elizabeth. Elizabeth resiste, alimentada ainda pelas primeiras impressões sobre Darcy. Darcy declara-se a Elizabeth, sem baixar a guarda do preconceito social. Elizabeth não perdoa o preconceito de Darcy e, ferida no orgulho, recusa os avanços. Darcy lambe as feridas e afasta-se. Mas tudo está bem quando termina bem: Darcy e Elizabeth, depois das primeiras tempestades, estão condenados ao amor conjugal. Lindo. The end.As consciências feministas, ou progressistas, sempre amaram a atitude de Elizabeth: nariz alto, opiniões fortes, capaz de vergar Darcy e o seu preconceito aristocrático. "Orgulho e Preconceito" seria, neste sentido, um livro anticonservador por excelência, ao contrário de "Sensibilidade e Bom Senso", onde a hierarquia social tem a palavra decisiva. Elizabeth não é boneca de luxo, disposta a suportar os mandos e desmandos da sociedade machista. Ela exige respeito. Pior: numa família com dificuldades financeiras, Elizabeth comete o supremo ultraje --impensável no seu tempo-- de recusar propostas de casamento que salvariam a sua condição e a conta bancária de toda a família. A mãe de Elizabeth, deliciosamente histérica e chata, atravessa o romance com ataques nervosos, prostrada no sofá (comendo). Se "Orgulho e Preconceito" fosse um romance pós-moderno, a pobre mãezinha passaria metade do tempo suspirando: Esta filha vagabunda vai levar a família toda para a sarjeta!Elizabeth não cede e triunfa. A família também. Se existe um tema central no romance, não é Elizabeth, não é Darcy. "Orgulho e Preconceito" é uma reflexão brilhante sobre a forma como as primeiras impressões, as idéias apressadas que construímos sobre os outros, acabam, muitas vezes, por destruir as relações humanas. E a lição, a lição final, é que amor à primeira vista ou ódio à primeira vista são uma e a mesma coisa: formas preguiçosas de classificar os outros e de nos enganarmos a nós. O amor não sobrevive aos ritmos da nossa modernidade. O amor exige tempo e conhecimento. Exige, no fundo, o tempo e o conhecimento que a vida moderna de hoje não permite e, mais, não tolera falta de zelo.Procuramos continuamente e desesperamos continuamente porque confundimos o efêmero com o permanente (paixões), o material com o espiritual. A nossa frustração em encontrar o "amor verdadeiro" é apenas um clichê que esconde o essencial: o amor não é um produto que se compra para combinar com a roupa. É algo que se cultiva. Profundamente. Demoradamente.Por isso, aconselho aos sonhadores arrependidos e apaixonados, leiam Jane Austen e limpem as vossas lágrimas! Primeiras impressões todos temos e perdemos. Mas o amor só é verdadeiro quando acontece à segunda vista.