domingo, 7 de junho de 2009

TRAVESSURAS DA INFÂNCIA - PORQUE OS ADULTOS AS ESQUECEM


Domingo com tempo nublado e frio. Alguns filmes para assistir, torta de frango com Coca-Cola e um edredom para aquecer. Tudo estava perfeito, até as primeiras areias acertadas na janela. Já imaginava quem eram antes de ir conferir, mas eles é que não imaginavam o desfecho dessa história! Nem eu, no final das contas!
Encheram as mãos de areia da reforma do prédio e jogaram, como quem joga arroz na noiva para dar sorte no casamento. Quando cheguei no quarto, a travessura já havia sido feita. Tinha areia para todo lado. Devem ter enchido aquelas mãozinhas com toda vontade e, correram depois, claro, quem não correria?
Os dois formam uma dupla de primos sapecas o bastante para umas vinte crianças juntas, sem exagero. No primeiro momento eu dei umas boas risadas, o que iria fazer naquela situação? Rir foi o que fiz. Mas precisava exercer meu papel de adulta neste momento, caso contrário, iriam continuar transformando minha casa numa extensão da praia!
Toquei a campainha da casa deles, ninguém atendia. No fundo dava para ouvir a televisão e risadinhas por trás da porta. Comecei a bater forte, e mais um prazo curto de tempo, um deles abriu. Aquele rostinho de coroinha de igreja não me comoveu, chamei sua mãe. Ela veio como quem não sabia de nada, talvez pela vergonha.
- Oi tudo bem? A senhora pode me acompanhar até a minha casa?
- Sim, o que aconteceu?
- Vou te mostrar.
No caminho não a disse nada, ele veio atrás, sem o primo, com medo do que eu ia falar.
Sua sorte foi que me lembrei nessa hora, como pequenos flashes backs, das minhas levadices de criança. Já cheguei a cortar uma franja de uma vizinha, como quem cortava o cabelo de suas Barbies. Minha mãe só descobriu, porque tinha cabelos loiros debaixo da janela do meu quarto. Joguei tudo pelo basculante. Minhas Barbies sempre tinham cabelos vermelhos, rosas, verdes. Mas tive de ir confessar para a mãe da vizinha que a cabeleireira era eu. Depois dessa me contentei com as bonecas.
Voltando para o hoje, a mãe então viu o feito. Envergonhada me pediu para limpar. Dei a ela a vassoura e a pá. Foi uma cena dessas comédias americanas. Segurei para não rir e, ao mesmo tempo, fiquei pensando na surra que ele poderia levar. Aí disse que isso era coisa de criança e blá blá blá. Ele quem limpou, o primo e a mãe ficaram assistindo. Tudo muito engraçado. Ela foi embora com os dois atrás cabisbaixos. Neste momento entrei para a história da infância deles: a menina que os dedurou. Pena que nem sempre, quando adultos, nos lembramos que um dia já fomos crianças. Que já aprontamos muito, levamos broncas, castigos. Ninguém deveria esquecer a criança dentro de si. Ela está ali, bem escondidinha, e surge em meio a essas boas risadas que dei hoje! Posso afirmar que as melhores pessoas que conheço são crianças bem crescidas.




"Lutei para escapar da infância o mais cedo possível.E assim que consegui, voltei correndo pra ela." Oscar Welles

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