sábado, 27 de dezembro de 2008

TODO ANO AS ESPERANÇAS SE RENOVAM




Na TV temos a Retrospectiva, o Especial do Roberto Carlos e o Show da Virada. Nos e-mails muitos recebem as palavras certeiras: Feliz Ano Novo, Paz, Sucesso, Amor e Felicidade. Os deprimidos vão até as locadoras e alugam a promoção do leve quatro e ganhe um grátis. As endividadas do natal correm para as lojas atrás da roupa com a cor da moda (dourado, prata ou branco).
Tudo para a chegada de um ano que como todos os outros promete ser o melhor de todos. Para muitos com certeza serão, alguns irão passar no vestibular, outros receberão o diploma da faculdade. Haverá o nascimento do primeiro filho e a chegada do neto tão desejado. Para outros será o pior desde então, a decepção por um grande amor, a perda de um ente querido. Mas enquanto isso não tiver acontecido, o próximo ano é um recomeço de momentos. Juntos, formam um novo tempo onde as pessoas constroem suas histórias. De alguma forma precisamos renovar tudo o que se esgotou em nós durante o ano que se passou. A virada deve ser um símbolo de motivação, o que nos impulsiona a continuar, a acreditar que tudo o que desejamos pode se concretizar nos próximos momentos que virão.

domingo, 21 de setembro de 2008

QUAIS AS LIÇÕES QUE UM PEQUENO LIVRO PODERIA TRAZER



Um livro reascendeu a criança em mim, quem não tem uma criança dentro de si?
Ela existe, mesmo que reprimida, bem escondidinha lá no seu interior. Refiz depois de um breve tempo, a releitura do Pequeno Príncipe. É um livro fácil de ler, tire uma hora do seu dia e você se aprofunda numa intensa reflexão. Antoine de Saint-Exupéry contou uma história de sensibilidade que em cada página nos traz uma lição.
Quando crianças temos uma visão simplória das coisas, e depois de adultos complicamos letras em códigos. No livro, a raposa ensina ao Pequeno Príncipe a importante lição de que as coisas só ganham sentido quando se conhece a amizade. O Pequeno Príncipe compreende que apesar de o mundo ter milhares de rosas, a rosa de seu planeta era única, pois somente ela era mantenedora de seu amor, de seu afeto. A raposa ainda diz: “o essencial é invisível aos olhos”. O que é importante para uma pessoa pode não ser para outra, é o afeto que sentimos que as tornam únicas. Um jeito de sorrir, um defeito, uma mania apaixonante, uma forma de olhar são os responsáveis por tornar único e insubstituível alguém. Do contrário, não teríamos histórias diferentes para contar sobre nossos amigos, amores, pessoas que de alguma forma fizeram parte da nossa vida. Todos seriam iguais, não fariam a diferença. Quando lemos uma carta, ela carrega as emoções de quem a escreveu. Quando abrimos um presente, ele carrega a expectativa de quem nos presenteou. Se não houvesse o afeto, todas as cartas seriam iguais e os presentes meros objetos que chegamos a ganhar um dia.
Porque existem pessoas fascinadas pela fotografia? Porque naquele momento elas relembram de um sorriso, de um choro, sofrimento, momento de paz, de felicidade, sentimentos, não enxergam apenas as imagens, mas junto com elas o essencial para vivermos: o afeto.
O Pequeno Príncipe ainda nos aconselha:
“_ Os homens de teu planeta cultivam cinco mil rosas num mesmo jardim... e não encontram o que procuram...”
“_ E, no entanto, o que eles procuram poderia ser encontrado numa só rosa, ou num poço de água.”
“_ Mas os olhos são cegos. É preciso ver com o coração...”
Vivemos na busca constante da felicidade, muitas vezes não percebemos que ela é feita do essencial, por isso é invisível aos nossos olhos.
Ainda há uma outra lição que diz: “Tu te tornas eternamente responsável por aquilo que cativas”. Precisamos ter cuidado com o próximo, se ele nos considera amigo, devemos ser o amigo que representamos para ele. As vezes não percebemos o quanto somos importantes para outro, tendemos ser egoístas as vezes. Me recordo de uma vez um cliente da loja na qual trabalhava me dizer: você sorri com os olhos. Não precisamos nos expressar muitas vezes com palavras, mas apenas com os pequenos gestos do dia-a-dia que nos torna único para o outro.

sábado, 13 de setembro de 2008

UM DIA, UMA OUSADIA, UM SONHO E DUAS VIDAS.







Hoje aconteceu um fato que me fez recordar uma passagem do livro Manual do Guerreiro da Luz de Paulo Coelho. Ela nos fala sobre a impressão que temos de viver duas vidas ao mesmo tempo. Em uma delas somos obrigados a fazer tudo que não queremos, lutar por idéias nas quais não acreditamos. Mas existe a outra, e ela é descoberta nos nossos sonhos, leituras, encontros com pessoas que pensam como nós.
Acredito que isso acontece com muitos, quantas vezes já ouvi reclamações do outro me dizendo que este não é o seu lugar. Ando sendo consumida pelos meus sonhos aos poucos. Como gostaria de poder acordar de manhã e pensar: foi um pesadelo apenas, hoje vivo meu sonho. Mas meu caminho ainda é longo.
E o guerreiro dizia que para as duas vidas se aproximarem é preciso ter uma ponte que liga com o que fazemos e o que gostaríamos de fazer. Assim, segundo ele, aos poucos os nossos sonhos vão tomando conta da nossa rotina, até que percebamos que estamos prontos para o que sempre quisemos. E com um pouco de ousadia, as duas vidas se transformam numa só. Ousadia: seria esta a atitude? Precisamos ser ousados para viver a vida que desejamos. Um dia são apenas 24 horas.

sábado, 30 de agosto de 2008

O ESPETÁCULO DA POLÍTICA

Abrir a página de política de jornal anda muito engraçado. Nem a de entretenimento tem divertido tanto quanto. Na época do vale tudo para abocanhar os votos dos queridos eleitores todo esforço é válido. A figura do empresário Oscar Maroni, candidato em São Paulo à vereador, fez campanha com duas mocinhas de biquíni e máscara em um dia ensolarado no viaduto do Chá, centro da cidade. Podíamos conferir o número para votar próximo ao umbigo das garotas escrito de pincel. Esta tática ainda não havia visto, agora sim posso afirmar que fazem mesmo de tudo para conquistar a simpatia das pessoas.
Não sei se ele vai conseguir eleitores com isso, mas ser manchete da Folha e destaque em diversos jornais do país foi certeiro. Aí me recordei de uma frase do Jô Soares: “Nunca faça graça de graça. Você é humorista, não político”. Oscar é dono da boate Bahamas, onde funciona um prostíbulo de luxo, ele não iria levar suas belas garotas para um espetáculo gratuito sem querer nadinha em troca, imagine. Confiram no link abaixo a matéria na Folha.

sábado, 23 de agosto de 2008

"OS TRISTES ACHAM QUE O VENTO GEME; OS ALEGRES ACHAM QUE ELE CANTA". Dito popular.





Como as pessoas tendem a enxergar apenas o lado negativo da vida é realmente incrível. Às vezes um pequeno problema é dramatizado, contextualizado e torna-se imensamente impetuoso. Socorro! A vida só é valorizada mesmo quando estamos enfrentando verdadeiros problemas, de fato, várias vezes ouvi dizer que a experiência de ficar apenas sentado no baquinho da entrada do hospital Sara Kubitscheck já era contestadora. A doença do séc.XXI é a depressão, são inúmeros jovens com depressão. Há um tempo atrás a maioria eram os mais velhos, hoje nem tanto. Lembro da minha mãe que fala sobre o conto do otimista e do pessimista. Ambos eram irmãos, um dia os pais cansados de ouvir as reclamações do pessimista resolveram mostrar a ele a visão do outro irmão sobre um mesmo problema. O pessimista chegou em casa e foi chamado para receber um presente, ao chegar no quintal se deparou com um belo cavalo, de pêlos sedosos. E ele reclamou: — Que chato, agora terei de limpar as fezes deste cavalo todos os dias, porque vocês não me deram um peixe?Já o filho otimista chegou em casa logo mais tarde, e os pais junto com o pessimista o chamaram para receber o seu. Ao chegar no quarto encontrou um saco de fezes do cavalo, e ele gritou emocionado: — Que maravilha! Ganhei um cavalo!Na verdade não foi bem isso que aconteceu, porém os pais puderam mostrar que há sempre as duas visões. Então uns encaram a vida de uma forma, outros não encaram, preferem reclamar.Os que reclamam, ficam na mesma ladainha durante meses até o problema cair no esquecimento.Os que encaram, solucionam e enxergam a vida de uma forma simples. Estes vivem mais, tem mais tempo para outros prazeres, tempo para namorar, para conversar sentado no meio fio da rua. Tempo para assistir desenho animado, ler um livro e falar bobagens. São no geral pessoas agradáveis, fáceis de conviver, aquelas pessoas feitas para casar.As livrarias hoje estão cheias de livros de auto-ajuda, são prateleiras cheias, alguns são considerados Best-sellers.Mas as pessoas que procuram estes livros não perceberam ainda que o próprio nome dele já diz tudo : somente você pode mudar sua vida. Não vão ser receitas que trarão mudanças, é o conhecimento do que acontece a sua volta e o que pode ser feito para melhorar que vai ajudar. Se existe receita para um casamento dar certo, os advogados da família estariam falidos. Assim como executivos, políticos, para a felicidade (ninguém no mudo seria infeliz) etc. Quer ler um livro? Leia livros que irão enriquecer sua cultura. Quer aprender a lhe dar melhor com as pessoas? Não fique parado, vá conversar. O diálogo é o que há. Ta infeliz? A questão é : o que é a felicidade para você? Seja qual for os problemas, há sempre duas visões para ele.

"A VIAGEM DE UMA MÃE", UMA HISTÓRIA QUE GANHOU O PULITZER.


A sensibilidade é para o fotógrafo a essência, que quando une com a paixão pela arte da imagem, gera um trabalho que comove e transcede a alma. O reconhecimento é a forma mais compensadora e incentivante para o profissional, que vai em busca do momento, do fato, e fazer parte do que chamamos de história. O prêmio Pulitzer concede todos os anos, no mês de abril, o reconhecimento em excelência aos profissionais do jornalismo, literatura e música. Criado em 1917, o prêmio recebe o nome de Joseph Pulizter, que defendia o jornalismo para os menos favorecidos. Quando decidi ser jornalista, pensei nas dificuldades e pedras que iria encontrar em um futuro próximo. Conseguir um lugar no mercado deixa qualquer estudante universitário com medo do que pode se tornar o diploma. Uma simples moldura de quadro muitas vezes significa quatro anos de frustração. No entanto decidi manter meu sonho, e ele foi alimentado por uma reportagem que foi uma injeção de ânimo. " A viagem de uma mãe", uma reportagem que ganhou o Pulizter em 2007, publicada pelo jornal "El Mundo" por Isabel Perancho. As duas repórteres Cythia Hubert e Renée C. Byer, acompanharam a luta de uma mãe contra o Neuroblastoma, um cãncer que levou a vida de seu filho caçula Dereck. O que tornou a reportagem surpreendente, foi que com o atual sensacionalismo em que o jornalismo encara e que muitas vezes perdeu sua credibilidade, esta reportagem deixou o sensacionalismo com um outro efeito. Um exemplo de amor e coragem em uma guerra que inúmeras famílias enfrentam por dia, o câncer.Frenche, mãe de Dereck, convidou as repórteres para acompanhar e documentar o impacto da enfermidade sobre sua família. Hubert e Byer, relataram cada hora, dia-a-dia, com imagens chocantes e uma extradordinária série de reportagens, publicadas no verão em o "Sacramento Bee", um periódico editado na Califórnia, Estados Unidos.A pergunta que surge é porque uma mãe iria expor a vida de seu filho que está por terminar? French explicou que as famílias que passam pela mesma situação precisam de apoio. Mãe de cinco filhos, teve de vender seu comércio, deixar sua filha menor de 6 anos com o pai, e dar menos atenção aos outros.Frenche, que ainda recebe ajuda psicológica para superar a perda do seu filho, criou uma fundação em sua memória “O desejo de Derek” – http://www.dereks-wish.com/ , com a finalidade de ajudar as famílias que passam por situações semelhantes. Esta história me incentivou a continuar tropeçando nas pedras, porque o que busco no jornalismo é tentar fazer uma diferença, mesmo que pequena.E percebi que são as formas de expressão que conseguem os melhores resultados, sejam elas através das imagens ou da escrita. Buscar a diferença é como no conto da estrela do mar, onde salvar a vida de algumas que iriam morrer na praia, pelo menos para aquelas iria fazer a diferença.
Confira a "Viagem de uma mãe" : http://www.pulitzer.org/year/2007/feature-photography/works/byer01_jpg.html

VOCÊ NÃO É UMA ILHA, MAS NEM POR ISSO SERÁ UMA SOMBRA.


“Somos desiguais em nossa constituição física e mental, como também não temos os mesmos direitos de usufruir dos prazeres dos quais uns e outros se beneficiam”.

“Em alguns aspectos, temos direito à igualdade e, em outros, também, o direito de ser diferentes. No mundo, somos iguais e diferentes, porém não temos o direito de ser indiferentes”.

Luiz Schettini Filho. Teólogo, filósofo e psicólogo clínico.



As frases citadas acima se referem a uma discussão interna que incomoda qualquer pessoa que a tenha. O direito de ser diferente e o desejo de ser sempre respeitado por isso. São diversas filosofias que discutem sobre as diferenças, mas são poucas as ações extraídas delas. Conviver com o outro não é fácil, embora o desejo de dar certo seja forte, o gênio cria barreiras que dificulta qualquer aproximação. Não é difícil encontrar alguém que conheça histórias de paixões e amores frustrados.Alguns vivem juntos anos sem morar debaixo do mesmo teto, são anos de namoro, mas quando dividem o mesmo teto, são meses, dias de casamento.
Na verdade nunca conhecemos o outro o suficiente para conviver, apenas passamos a respeitar, ouvi isso de vários casais que conviviam décadas em matrimônio.Respeitar os limites do outro é compreender os seus limites e limitar-se ao outro com os que ele possui. Na prática costumamos dizer “eu respeito o seu espaço e você respeita o meu”.Isso vale para qualquer um, mesmo porque o ser humano não é uma ilha.
O tema escolhido para a redação do ENEM em 2007 foi "O desafio de conviver com as diferenças". Muitos estudantes disseram ter achado "meio batido o tema", mas pelo contrário do que eles pensam, este é o desafio que enfrentamos no dia-a-dia com muita dificuldade.Na sociedade você dá de cara com seus opostos freqüentemente, e você passa a perceber que os opostos não se atraem sempre, costumam se repelir feito um elétron do próton. Batem de frente, discutem, mas é isso que contribui para a formação da personalidade, o problema é quando os dois se tornam indiferentes. Ser omisso à opinião dos outros não é a atitude mais aconselhável para evitar um confronto, o certo é enfrentar a questão, e se lhe incomodar, vá em frente.O respeito só é concedido quando é recíproco.
Acreditar e defender uma opinião são um direito seu, isso ninguém tira.Mas primeiro é necessário pensar no todo, tudo que está a sua volta, se vai prejudicar alguém com seu ponto de vista. Depois é saber se expor, muitas vezes não é a sua opinião que vale. E finalmente entrar no famoso consenso, aí ninguém vai te importunar pelo que defende. Mas ser a sombra de alguém é que não vale, muito menos ser indiferente a uma situação. Ao ter estas reflexões, percebi o que fazemos na maioria das vezes... Dizemos: Tchau, até mais ver, ficamos assim então...

quinta-feira, 21 de agosto de 2008

PLATÃO NESTA VIDA EFÊMERA...



Hoje foi difícil, a sensação de impotência tomou conta das minhas reflexões. Quando vi já estávamos na BR 040, um dia quente, muita vontade de conseguir a reportagem do ano. E durante a estrada de asfalto, através da janela podia-se ver as ruas sem calçamento. A cidade era cinza, as vezes vermelha, a poeira coloria as paredes das casas. Depois de perguntar inúmeras vezes o endereço, porque a prefeitura não emplacou nenhuma rua, encontramos a casa 132. Já nos esperavam do lado de fora, nos olharam como se fôssemos enviados de Deus. Que missão, como reagir e o que dizer, não havia o que dizer. Nem sabíamos se podíamos cumprir com algo. Mas entramos, e foi como se tivesse passado um filme em preto e branco na minha mente,sem fala, daqueles mudos. Mas a vontade de seguir em frente, mesmo derrotada, tirou as primeiras perguntas da minha boca. A entrevista revelou minha indignação, e ao mesmo tempo determinação. Tínhamos um novo gancho para a matéria, porém um que não gostaríamos de ouvir. Pensei no que podia ser feito, o que estaria ao alcance de um repórter.O peso da profissão que tenho seguido é uma tonelada, presa no fundo do mar. A onda de informações que colhemos daria um especial, daqueles de deixar muita água nos ouvidos.Ainda teremos um percurso dolorido, falta o médico, ele vai me lembrar porque não quis ser uma. Mas também vai aumentar minha dor de saber, e a verdade corrompe, o conhecimento assusta. Recordo das aulas de psicologia do terceiro período,a professora dizia: "procuramos um psicólogo para ouvir a verdade, e um amigo para ouvir o que desejamos ouvir. Por isso muitas vezes precisamos de um psicólogo, não porque somos loucos". Porque precisamos sair da "Caverna de Platão", mesmo que por minutos, e ouvir a realidade.Cheguei em casa cansada, sem palavras e os pensamentos a mil por hora.Fui dar uma volta,como faço de costume quando estou angustiada. Ando sozinha, sinto a brisa, vejo as luzes, os idosos na praça, a efêmera vida.Tudo fica mais fácil em uma foto de revista,jornal ou na TV em cores do seu quarto, pior é quando você quem tira ou filma...

segunda-feira, 4 de agosto de 2008

PELO SIM OU PELO NÃO, TENTAR JÁ É UMA CONQUISTA

As iniciativas que partem das mais diferentes maneiras na luta em prol dos menos favorecidos são sempre bem vindas. Mas hoje, uma em especial me chamou a atenção publicada no site da Superinteressante. Segue abaixo o link para que todos tenham a mesma oportunidade que eu em saciar o que considero uma BOA NOTÍCIA!


http://super.abril.com.br/blogs/planeta/97819_post.shtml#viewcoment

sexta-feira, 4 de julho de 2008

AS “FORÇAS INSURGENTES” DE CHÁVEZ

Correntes pelo pescoço, estupros, mortes, seqüestros, reféns submetidos às cirurgias improvisadas com facas. Parece ser cenário do Iraque, mas fica aqui pertinho do Brasil: Colômbia. São 44 anos de tortura para um povo que tem que conviver com grupos terroristas como FARC (Força Revolucionária Colombiana), ELN (Exército de Libertação Nacional) e AUC (Autodefesas Unidas de Colômbia) .O responsável eleito para segurar a onda deste país é Afonso Uribe. Digamos que ele ganhou o cargo de presidente e ao mesmo tempo um “cavalo de Tróia”. O presentinho de grego é notícia em destaque do momento com a libertação da política Ingridi Betancourt entre outros.
Uribe tem uma motivação pessoal para combater o terrorismo na Colômbia: seu pai foi assassinado pelas FARC em 1983. Não é uma missão fácil de resolver quando se encontra 40% do país dominado pelo show de horror.
Chávez, presidente da Venezuela, por sua vez apoiou o terrorismo afirmando que “a Venezuela se milita a oeste, a sudoeste, a noroeste, em boa parte deste território, com as forças insurgentes da Colômbia, que têm outro Estado e leis próprias que aplicam e fazem cumprir”. De onde ele tirou “forças insurgentes”?
Ele ainda legitima as FARC com o seu “projeto político” e o compara com o seu próprio socialismo bolivariano. Quando Clara Rojas e Consuelo González foram libertadas, acreditavam que não ia adiantar muito e que o fato serviu apenas para fortalecer a imagem de Chávez. Sendo aliado das Farc, o coronel foi enganado por elas mais de uma vez até a libertação das duas. O gesto pode ter no máximo aumentado a pressão sobre Uribe, para que seu governo reduza as operações militares contra a guerrilha, sob ameaça de não ocorrerem novas libertações.Mas não foi bem isso que ocorreu, e pudemos conferir mais libertações realizadas. Quem ficou feio na história? Chávez.

FIÉIS CONDENADOS PELA MÁ-FÉ

A jornalista Elvira Lobato escreveu a matéria "Universal chega aos 30 anos com império empresarial", publicada em dezembro pela Folha. Polêmica, levantou suspeitas quanto à utilização dos dízimos, o que “atingiu” de certa forma os fiéis e os empresários envolvidos com a Igreja. Falar sobre religião é cutucar a onça com a vara curta, seja católica, protestante etc. Para isso, é preciso muitas provas e documentações que tornam legítima a acusação. E foi desta maneira que Elvira fez. Ela investigou a fundo sobre o império de Edir Macedo.
Esta matéria me recordou um artigo do jornalista Fernando Evangelista, Vale a pena ser jornalista?, onde ele coloca como é espantoso o comportamento de alguns colegas que reproduziam releases de versões oficiais enviadas pelo governo de Israel sem nenhuma investigação sobre a guerra. Ainda questiona se é isso que chama de imparcialidade jornalística. Quem gosta mesmo do que faz vai a fundo, questiona, enfrenta, e com provas (sejam elas telefonemas, documentos, fotos), afirma o que diz. Isso é jornalismo investigativo. Adoro, sou fã.
A matéria da Universal gerou ações dos fiéis contra a Folha e a Elvira. Alegavam que a matéria criticava a entrega dos dízimos e da liberdade religiosa. Quem leu sabe que não foi bem isso. E fiquei muito feliz com a decisão tomada pelo juiz: foram condenados por litigância de má-fé, ou seja, uso da justiça para fins ilícitos em ações de indenizações por danos morais. Estava claro que queriam aproveitar da situação.Isto prova que ainda podemos ter liberdade de expressão. A Universal é uma das mais poderosas do Brasil, o poder de censura que ela possui intimida, mas não os jornalistas sérios.

quarta-feira, 2 de julho de 2008

CONFLITOS DA MELHOR IDADE


A turma dos 45 aos 65 anos recebeu novo título um tanto sugestivo: Envelhescente. A palavra ainda não se encontra no dicionário, mas define bem o que acontece com pessoas que estão entre a maturidade e a velhice. Assim como o termo “adolescente” significa uma preparação para entrar na maturidade, o envelhescente é nada menos que para entrar na velhice. O autor deste termo é o escritor Mário Prata, que já fez de tudo um pouco: jornalismo, cinema, televisão, teatro e literatura.
Está cada vez mais comum jovens namorarem pessoas mais velhas, ambos dividem extensos interesses.Não é preciso listá-los das duas partes, depende muito de cada caso.Mas os envelhescentes adoram se sentir jovens, e para isso enfrentam qualquer “parada”. Cirurgias plásticas, academias, carrões e roupas na moda. A indústria da mídia não perdeu esta tendência. A Nissan investiu em diversos recursos para o lançamento do seu novo modelo, o Sentra. Um deles foi com a música “Será que é pra mim?”. Ela serviria neste caso para quebrar o conceito de “carro de tiozão”. Imaginem um envelhescente sendo chamado de tio, não aceitaria de qualquer maneira. No dia seguinte estaria sentado na sala de espera de uma clínica de estética.
Assim, o carrão da Nissan era mesmo para chamar a atenção desta turma.Um estudo realizado por pesquisadores da Universidade de Vermont e da Universidade da Pensilvânia nos Estados Unidos descobriu que as pessoas com mais de 60 anos de idade tornam-se mais liberais, e mais rapidamente liberais quando comparadas com pessoas mais jovens. Quando surge aquele dito popular de que avô e avó estragam neto, pode ter certeza que com os filhos não foram bem assim.
Madonna é uma pessoa de causar inveja em qualquer um. Com os seus 49 aninhos desbanca muita mocinha que encara plásticas por aí, ela é poderosa. Afirmo com convicção de alguém que já assistiu seus DVDs e ficou se perguntando como e onde ela tira tanta energia. Não adianta dizerem que são os milagres do dinheiro, tem muita dondoca que entra na faca e não fica igualzinha a ela.E ela é uma envelhescente idealizada, causa reboliço e faz o que quer. Teve filhos no pós-coce, e Mário Prata faz até uma comparação engraçada: se um adolescente tem um filho é uma coisa precoce. Se um envelhescente tem um filho é uma coisa pós-coce.Madonna se encaixa nisso.
Não deve ser fácil envelhecer, quando adolescentes ficamos loucos para completar 18 anos para entrarmos na boate sem falsificar a identidade. Agora, enfrentar fila de INSS não deve ser nada prazeroso como ficar numa pra não pagar a entrada dos 100 primeiros numa festa. Dizem que a vida começa depois dos 40 anos quando você se encontra realizado. Mas a vida começa desde o dia em que você deixou de ser um espermatozóide. O autor Gabriel Garcia Márquez descreveu em Memórias de Minhas Putas Tristes o primeiro amor de um homem que surge em seu aniversário de 90 anos. Um primeiro amor como todos são, inseguro, apaixonado, angustiado. Um homem que achou que ia acordar morto no dia em que se tornasse um nonagenário e acabou renascendo num amor pueril, cheio de contradições.
Para os apaixonados, a idade é um pequeno detalhe, quase que imperceptível. Quando jovens fazemos inúmeros planos para o futuro e costumamos viver na expectativa do que pode acontecer. Na envelhescência as preocupações são só com o presente, para quê fazer planos se já fizeram tantos. O que vale é aproveitar todos os momentos, sem se importar com o que os outros esperam ou pensam de você. Só não vale prejudicar alguém, mas se isso não acontece: que venham os eternos envelhescentes!



“Desconfie do destino e acredite em você. Gaste mais horas realizando que sonhando, fazendo que planejando, vivendo que esperando... Porque, embora quem quase morre esteja vivo, quem quase vive, já morreu...”

Luiz Fernando Veríssimo

terça-feira, 24 de junho de 2008

PARA OS VIAJANTES DO COLETIVO


Dizem que no ócio é que a mente começa a trabalhar as coisas mais fúteis ou as mais criativas. Perco diariamente de 20 a 30 minutos parada em um ponto de ônibus à sua espera. Não reclamo de forma alguma da sua demora, mas penso que esses minutos realmente poderiam ser aproveitados de forma mais agradável.Quando chega o tão esperado coletivo, entrar nele já é o primeiro teste de quanto anda seu estresse . Quem freqüenta um SPA, raramente pegaria um ônibus. Então imagine os inúmeros estressados que estão ali dividindo o metro quadrado. Com os folgados você dá logo de cara, bem na entrada, sentados nos assentos destinados aos idosos, gestantes e crianças no colo. Uns fingem que dorme para não ceder o lugar de forma alguma, enquanto outros viram o rosto para a janela e curtem a paisagem.
O segundo teste é a sacolada, tem até galinha sendo transportada em caixa de papelão com furinhos. A disputa das sacolas irrita mais do que pirraça de criança mimada. Sem contar o celular, testar toques no volume alto não é tão pior, mas é um empurrãozinho para pensarmos em um carro com ar condicionado.Aí vêm no pensamento aquelas propagandas do Renault Scénic, Corolla, com um galã dirigindo em uma estrada perfeita, dessas de filmes.

Para eleger o último teste preciso primeiro expor um ponto de vista, para que meus caros leitores não pensem que não gosto de ajudar o próximo. Admiro, muito, e ajudo quando posso. Mas logo no silêncio, quando todos se calam, pela graça de Deus o “busão” está com os corredores vazio, me entra pela porta de traz o vendedor ambulante. Com uma caixa de balas enorme, ameaçando bater na sua cabeça toda vez que há uma freada. Tem até uma música do Rappa, Miséria S.A., que é o próprio discurso da fala deste vendedor.Neste caso, os minutos de silêncio roubados são válidos, mas o pior é quando entram os espertinhos.
Já ocorreu de uma mulher entrar dizendo que tinha doenças sérias e precisava de tratamento. Depois de muito blá, blá, blá, ela tira da bolsa um remédio para o estômago, só que as pessoas que estavam ali podiam não saber, acreditando que era mesmo para o controle da doença. O nome do remédio não era estranho, cheguei em casa, abri o armário e batata, ali estava ele para “gases”. Uns pagam pelo erro dos outros, muitos motoristas não deixam entrar os de boa índole. Têm outros que não vendem, pedem ajuda. Como os que trabalham para casas de recuperação de usuários de drogas.Legal o trabalho deles, mas é preciso os olhos bem abertos para as instituições que são fantasiosas. Enquanto 1,4 milhão de usuários de ônibus passam por todas essas fases estressantes que citei, inúmeros carros passeiam com o banco passageiro vazio. Sobre o congestionamento não é preciso nem comentários. São os famosos egoístas do trânsito, encenam com o olhar para os viajantes do coletivo “Invejem a minha folga”.
Mas é válido lembrá-los que nem todo dia é dia de rei, a selva de pedras cresce cada vez mais e o número de acidentes no trânsito junto com ela. Todos deveriam ser conscientes e mais solidários. É bom para o ambiente e o estresse para quem não pode ir para o SPA.


Miséria S.A.
O Rappa
Composição: Pedro Luis

Senhoras e senhores estamos aqui

Pedindo uma ajuda por necessidade

Pois tenho irmão doente em casa

Qualquer trocadinho é bem recebido

Vou agradecendo antes de mais nada

Aqueles que não puderem contribuir

Deixamos também o nosso muito obrigado

Pela boa vontade e atenção dispensada

Vou agradecendo antes de mais nada

Bom dia passageiros

É o que lhes deseja

A miséria S.A

Que acabou de chegar

Bom dia passageiros

É o que lhes deseja

A miséria S.A

Que acabou de falar

Lhes deseja , lhes deseja

Lhes deseja , lhes deseja

segunda-feira, 16 de junho de 2008

AMOR QUE SÓ QUEM POSSUI ENTENDE




Embrulhado em um jornal, chegou quietinho, sem fazer barulho pra ninguém acordar. Mas acabei acordando, os cochichos na cozinha foram inevitáveis. Foi quando ganhei, pela primeira vez, um dos maiores presentes que poderia desejar: um Canário Belga da cor amarela ouro. Esta paixão eu devo ter herdado do meu avô. Nunca havia visto antes um pássaro tão fiel ao dono quanto era o dele. O Preto, como chamávamos ele, dava a cabeça para coçar piolho, era dengoso feito só ele e adorava como ninguém tomar banho de torneira. De vez em quando meu avô cortava suas asas, e deixava-o andando pelo terreiro afora para pegar minhoca na terra. E fazia a farra o danadinho.
Em 1998, perdemos o seu Chico, e junto com ele a alegria do Preto. Viveu pouco mais de um ano, e depois disso nunca foi substituído. Uns disseram que morreu de tristeza, outros de saudade. A saudade dói, ainda mais quando é provocada pelo vazio. Meu canarinho tomou um espaço na casa, canta até o gogó subir. Adora ganhar um carinho, baixa até a cabeça pra coçar. Ele me lembra muito os costumes do Preto, sabe a hora que chego, que acordo e quando não estou bem. De tanta dedicação e amor a nós, resolvi em 2005 arrumar uma companheira para ele. Ela chegou meio doentinha, era amarela com uma cor mais clara.
Apesar de brigarem muito, ela piava de lá e ele cantava de cá. Adorava o radinho ligado, piava mais alto conforme a música. No silêncio, era só me ver que começava a piar para chamar a atenção. Nem mesmo os criadores que conheci de Belga entendiam o comportamento da Lorinha. E me ofereceram pela dupla, valores que não pagariam nunca o afeto imensurável que sinto por eles. Até que semana passada, senti um vazio inexplicável e um dor de perda que só quem já sentiu entenderia. Ao acordar, encontrei a Lorinha caída no chão da gaiola, trêmula. Peguei-a na mão e dei um beijo de desespero, não sabia o que havia acontecido com ela. Estava bem na noite anterior, porém ela me olhou e fechou os olhos. Seu coração não bateu mais.
Já se passaram alguns dias, e o vazio permanece. Agora tenho somente meu companheirinho que deve estar sentindo a mesma falta que eu. Alguns amam cachorros, outros não amam nada. Amor é único, singular e faz sentido apenas para quem sente. Há quem sorrir quando dizem de amores incomuns, e outros que admiram pela capacidade singela de amar. Mário Quintana era o poeta passarinho, e dizia: “Todos estes que aí estão atravancando o meu caminho, eles passarão. Eu passarinho!”.


BILHETE

Se tu me amas,
ama-me baixinho.

Não o grites de cima dos telhados,
deixa em paz os passarinhos.

Deixa em paz a mim!

Se me queres,
enfim,

.....tem de ser bem devagarinho,
.....amada,

.....que a vida é breve,
.....e o amor
.....mais breve ainda.

Mario Quintana

quinta-feira, 29 de maio de 2008

TODAS AS VEZES QUE SOMOS HOMER SIMPSON

Nos 365 dias do ano, em boa parte desses dias, para quem tem a vida de trabalho, casa, faculdade, filhos, patrão, namorada, namorado, esposa, marido, amante, família, dívidas, escola, IPTU, IPVA, investimento, carreira e saldo. Pessoas que tem as singelas preocupações sobre o futuro, o que fez no passado e o que faz no presente, coisas da vida comum. Eu, você, ele, ela, aquele, aquela, todos nós, temos o direito de ser, em alguns momentos desses 365 dias, Homer Simpson.
Adoro Os Simpsons. Nessa família tem de tudo. A filha certinha, inteligente . O filho engraçadinho, encrenquinha que dá trabalho. A mãe que tem vaidade e dedicação. A bebê que se vira sozinha em diversas situações. E o pai, o chefe da casa, que é preguiçoso, brincalhão, tem raciocínio lento e pensa muito em cerveja e Donnuts (bolinhos ou rosquinhas recheados). Mas o que mais me chama atenção no Homer é quando ele está desinteressado no que os outros falam.Seu cérebro sai da cabeça e viaja em um pequeno balão para outros lugares. Somente o corpo está ali, de olhos bem abertos, para passar a sensação para o outro de que está ouvindo tudo, e entendendo tim tim por tim tim.
Admiro a criatividade de Matt Groening, cartunista que criou Os Simpsons. Com certeza passou por situações apáticas em que inspirou o balão de cérebro. Pode ter sido durante uma aula onde somente o professor participa. O filme em preto e branco na tela e a luz apagada. São 21:55h e condena o relógio por não serem 22:35h, hora de ir embora. E nesse súbito momento, entre o girar dos ponteiros e a luz incandescente da TV, o balão de cérebro está na cama do quarto visualizando o travesseiro. Ou poderia ter sido numa conversa chata com um ex-colega de trabalho que não vê há tempos. O cara todo entusiasmado só fala mal dos outros colegas, do chefe que bateu as botas e da secretária nova. E o pensamento do prezadíssimo ouvinte na mesa do bar, discutindo futebol e assistindo o gol da rodada.
Quem nunca esteve numa situação dessas: por favor! Admita! É o rei da paciência! O que tem de gente sem senso por aí. Está igual formigueiro, multiplica. As frases são respondidas em monólogos, sim, é mesmo, concordo, legal, bacana. Quando não são monossilábicas: ah, eh, ih. Confesso que já vivi vários momentos de Homer e vivo. É bom deixar florar a criatividade dos pensamentos.Principalmente em situações nada criativas. E todas as vezes que somos Homer Simpson, é a brecha que nossos pensamentos encontram para fluírem livres. É válido para qualquer ser humano.