quinta-feira, 29 de maio de 2008

TODAS AS VEZES QUE SOMOS HOMER SIMPSON

Nos 365 dias do ano, em boa parte desses dias, para quem tem a vida de trabalho, casa, faculdade, filhos, patrão, namorada, namorado, esposa, marido, amante, família, dívidas, escola, IPTU, IPVA, investimento, carreira e saldo. Pessoas que tem as singelas preocupações sobre o futuro, o que fez no passado e o que faz no presente, coisas da vida comum. Eu, você, ele, ela, aquele, aquela, todos nós, temos o direito de ser, em alguns momentos desses 365 dias, Homer Simpson.
Adoro Os Simpsons. Nessa família tem de tudo. A filha certinha, inteligente . O filho engraçadinho, encrenquinha que dá trabalho. A mãe que tem vaidade e dedicação. A bebê que se vira sozinha em diversas situações. E o pai, o chefe da casa, que é preguiçoso, brincalhão, tem raciocínio lento e pensa muito em cerveja e Donnuts (bolinhos ou rosquinhas recheados). Mas o que mais me chama atenção no Homer é quando ele está desinteressado no que os outros falam.Seu cérebro sai da cabeça e viaja em um pequeno balão para outros lugares. Somente o corpo está ali, de olhos bem abertos, para passar a sensação para o outro de que está ouvindo tudo, e entendendo tim tim por tim tim.
Admiro a criatividade de Matt Groening, cartunista que criou Os Simpsons. Com certeza passou por situações apáticas em que inspirou o balão de cérebro. Pode ter sido durante uma aula onde somente o professor participa. O filme em preto e branco na tela e a luz apagada. São 21:55h e condena o relógio por não serem 22:35h, hora de ir embora. E nesse súbito momento, entre o girar dos ponteiros e a luz incandescente da TV, o balão de cérebro está na cama do quarto visualizando o travesseiro. Ou poderia ter sido numa conversa chata com um ex-colega de trabalho que não vê há tempos. O cara todo entusiasmado só fala mal dos outros colegas, do chefe que bateu as botas e da secretária nova. E o pensamento do prezadíssimo ouvinte na mesa do bar, discutindo futebol e assistindo o gol da rodada.
Quem nunca esteve numa situação dessas: por favor! Admita! É o rei da paciência! O que tem de gente sem senso por aí. Está igual formigueiro, multiplica. As frases são respondidas em monólogos, sim, é mesmo, concordo, legal, bacana. Quando não são monossilábicas: ah, eh, ih. Confesso que já vivi vários momentos de Homer e vivo. É bom deixar florar a criatividade dos pensamentos.Principalmente em situações nada criativas. E todas as vezes que somos Homer Simpson, é a brecha que nossos pensamentos encontram para fluírem livres. É válido para qualquer ser humano.

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